Você já parou para pensar no impacto emocional e profissional de ser demitido por videochamada enquanto está trabalhando em casa? Imagine estar em uma empresa reconhecida, seguindo sua rotina de trabalho remoto em um dia comum, apenas para receber a notícia devastadora de que seu emprego está sendo encerrado, tudo isso por meio de uma tela de computador.
Essa é a realidade enfrentada por muitos profissionais nos tempos modernos, onde empresas adotam novos métodos de demissão que levantam questões éticas e humanitárias.
A Stellantis, conglomerado proprietário de marcas renomadas como Jeep e Dodge, recentemente tomou a decisão de desligar 400 profissionais por meio de videochamada.

Esta medida, além de seu impacto considerável, despertou a atenção dos colaboradores devido à estratégia adotada pela empresa: os funcionários foram instruídos a trabalhar em home office naquele dia, sem terem conhecimento prévio de que seriam desligados, conforme relatado pelo The Wall Street Journal e pela CNBC.
Essa situação reavivou discussões sobre os chamados ‘novos métodos’ de demissão, visto que a Stellantis se une a outras empresas que optaram por realizar cortes por meios digitais, incluindo o envio de e-mails com notificações de demissão e o bloqueio repentino do acesso aos sistemas internos.
Outros exemplos notáveis dessas práticas incluem o Google, que em 2023 dispensou 12 mil colaboradores por meio de um e-mail de caráter geral enviado aos afetados. Elon Musk também enfrentou críticas pela forma como realizou cortes de pessoal no X, logo após assumir o comando da empresa. Alguns funcionários só perceberam que haviam perdido seus empregos quando não conseguiram mais acessar os notebooks e e-mails da empresa.
Conforme destacado pelo Business Insider, a maioria dos especialistas considera que as demissões virtuais e remotas não representam a melhor abordagem, principalmente por demonstrarem falta de empatia e consideração pelos trabalhadores afetados.
Por outro lado, há argumentos a favor da realização de conversas difíceis por videochamada, uma vez que isso facilita o controle da situação, especialmente quando muitos funcionários são impactados simultaneamente.
Ben Hardy, professor clínico de comportamento organizacional na London Business School, observa que uma videochamada remota pode ser uma maneira eficaz de “demitir muitas pessoas rapidamente”. Ele ressalta as dificuldades logísticas envolvidas em demitir 400 pessoas individualmente, o que demandaria dias ou uma equipe considerável de gerentes ou profissionais de recursos humanos. Além disso, destaca que uma grande reunião presencial poderia gerar um ambiente de tensão, com várias pessoas descontentes, o que pode resultar em situações desagradáveis.
Por sua vez, Muhammad Umar Boodoo, professor associado da Warwick Business School, argumenta que a abordagem mais empática para lidar com demissões é colocar cada funcionário no centro do processo e colaborar com eles no que diz respeito a indenizações, períodos de aviso prévio e exploração de outras oportunidades de carreira.
Boodoo ainda ressalta que grandes demissões virtuais podem prejudicar a reputação da empresa, uma vez que os funcionários não afetados podem demonstrar solidariedade aos colegas demitidos, o que pode resultar em uma eventual perda de talentos e desvinculação da empresa.
Conclusão dos fatos
A prática de demitir funcionários por videochamada ou outros meios digitais levanta questões éticas que não podem ser ignoradas. Afinal, por trás de cada tela de computador, há uma pessoa com sentimentos, aspirações e uma trajetória profissional que merece ser respeitada.
À medida que avançamos para o futuro do trabalho, é essencial que as organizações encontrem um equilíbrio entre a eficiência empresarial e a consideração pelos seus colaboradores. Somente assim poderemos construir ambientes de trabalho verdadeiramente humanizados e sustentáveis para todos.